Há uns dias atrás, sentindo que o tempo se esgota para estarmos juntos neste planeta, desenhei o meu gato a quem deram o nome de Fliper. Quando cuido do gato que outros não podem, nunca lhe mudo o nome e foi o que aconteceu com o Fliper. Há 19 anos que cuido dele, mas apesar de ainda saltar, de miar muito de noite, o Fliper já acusa a idade que tem, com as cataratas, insuficiências cardíaca e renal. Depois, é muito senhor do seu nariz e nele só toca quem ele quer e quando ele deixa, ou seja, para tratamentos, quase nunca. E sentindo que a insuficiência renal piora, só me resta controlar os enjoos, dar de comer aos poucos, do que ele gosta, e aceitar a ideia que brevemente deixaremos de estar juntos. Mas sei que nunca estarei preparada para esse dia.

sobre papel preto

carvão e borracha