domingo, 6 de novembro de 2011

A minha avó

Hoje vou visitar a minha avó. Tenho como missão, dar-lhe o almoço, uma sopa! Esta avó de 95 anos apenas quer uma sopa. Não tem fome, quase não tem memória. Quando a vou ver, sinto sempre ternura e expectativa. Cada vez que penso nela, as memórias de uma infância feliz a seu lado, surgem espontaneamente. Lembro-me sempre dela presente, das histórias que até há pouco tempo contava, da sua juventude, uma jovem alegre e travessa que chegava a casa do trabalho de costureira a cantarolar. A sua ida para África após o casamento, a solidão do mato que quase lhe fez perder o sentido, os 4 filhos que teve e os que criou com dificuldade nessa bela e dura terra. E sempre a costurar! Desde as roupas para a boneca de pano com que brincava, até às que costurava para as netas que adorava! E que agora não reconhece. Não se lembra do nome. Avó quem sou eu? - Tu!? Não sei! E de olhar ausente, sorri constrangida. Um sorriso que se mantèm! Dizem que os "velhos" não sorriem mas a minha avó sorri bastante, como uma criança travessa! E quando nos vê, aos netos, o seu sorriso abre-se de reconhecimento e eu sei, ela lembra-se!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ay Lourdes....qué bonito o que escreveste! Ha muita ternura nisso.