domingo, 15 de março de 2020

Desenho e pensamentos sobre o estado das coisas

Cheia de certezas comecei o novo ano: algumas previsões infelizmente têm-se concretizado, outras correram pelo melhor, já tive boas surpresas, como ter encontrado algo que procurava e julgava não existir, mas esta de ficar em casa no meu fim de semana, por causa de um vírus global, não esperava, nem eu nem ninguém que eu conheça. Penso nos meus bisavós maternos, que nasceram no final do Século XIX, em terras beirãs, vieram até Lisboa e viveram da venda ambulante e do trabalho à jorna numa vila operária, passaram pelos tempos conturbados da queda da monarquia e da revolução republicana (sim, explodiam bombas nas ruas da cidade), o meu bisavô era sargento artífice de Artilharia e foi para Moçambique com a mulher e 2 filhos, em 1911. A viagem de barco, demorou um mês e em 1914, encontraram a 1ª Guerra Mundial, tiveram mais 6 filhos, sofreram de paludismo e outras doenças, perderam a filha mais velha de 12 anos com uma delas: momentos que devem ter sido terríveis porque esta filha morreu quando todos tinham ficado gravemente doentes no hospital de Lourenço Marques. Voltaram definitivamente para Portugal  em 1920, sofreram as consequências económicas de mais uma Guerra Mundial e viram morrer nos anos 40 do século XX,  3 filhos jovens ainda, de tuberculose, uma doença que matava há muitos anos! Nós em 2020, temos direitos laborais, podemos deslocar-nos com grande rapidez, temos muita informação sobre o que acontece no mundo,  não sofremos guerras mundiais há mais de 70 anos, temos um elevado desenvolvimento tecnológico e científico em comparação, se mesmo assim, com estas ferramentas não nos soubermos conter, então estamos no inferno! 

 Desenho a lápis de grafite e de cor, no parque Monteiro-Mor no Lumiar em 8 de março de 2020

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